Cinco rodadas e muita incerteza: a Liga Brasileira reconfirmou o seu campeonato como um dos mais imprevisíveis e emocionantes de todo o futebol virtual. Só no Brasil é que as possibilidades de QUALQUER equipe ser a campeã de seu campeonato existem. E o turno mostrou isso.
A modesta equipe do Avaí, de Florianópolis, ao vencer nesta quinta rodada ao invicto (e poderoso) Atlético MG por 2 a 1 na Ressacada (SC), manteve-se na ponta da tabela. Uma campanha que se mostrou dentro de uma surpreendente regularidade, face ao valor de mercado do elenco. Nas três partidas que realizou em casa, o Avaí demoliu equipes laureadas pelos anos de bola mundo afora, como o São Paulo (2 a 1 na 1ª rodada), Flamengo (3 a 2 na 3ª) e o Galo Mineiro. O veterano Sávio e Vandinho foram os nomes que impulsionaram a equipe alvianil de Floripa durante esta fase de turno, sobretudo na vitória sobre o Vitória BA em Salvador, por 2 a 1 na segunda rodada. Um time modesto mas com um perfil equilibrado nas funções de campo, jogadores sabendo cumprir mais de uma disposição tática e muitos já rodados por outros gramados. Augusto Quitens, treinador avaiense, não inventou nada de especial: o 4-2-3-1 defensivo de sempre na CPU e, com a manete nas mãos, usava o 4-2-2-2 com cautela e bastante trabalho de bola, desde o campo de defesa. A pegada da meia cancha defensiva é que tem sido o ponto alto da equipe catarinense, pois os adversários ficam sem espaços para trabalhar a bola quando o lance é próximo ao círculo central.
Mas outros fatores também colaboraram para a evolução do Avaí. Um deles é a tremenda inconstância das grandes equipes, ainda titubeantes quanto às filosofias de jogo. Fato é que as sete equipes que encabeçam a tabela neste fim de turno são as que mais obedeceram os parâmetros de pré-temporada, ou, ao menos, início de certame. http://hospiciodabola.blogspot.com.br/2013/07/liga-brasileira-12-13-14-series-5.html
Bicampeão da Taça Brasil Central (Pré-Temporada), o Atlético Mineiro desenvolveu um sistema misto de toque constante de bola e lançamentos em profundidade que posicionou-o na ponta da tabela por boa parte do turno; mesmo brigando com contusões (Ronaldinho, por exemplo, duas vezes), o Galo obteve expressivas vitórias e só foi dar mostras de exaustão nesta quinta rodada, quando perdeu por contusão não só o gaúcho mas Diego Tardelli. Com os mesmos dez pontos do Galo e as mesmas três vitórias e um empate também, São Paulo, Fluminense e Grêmio tiveram a sua força baseada numa diversidade no meio campo que ludibriou adversários e firmou os esquemas táticos: no São Paulo, um Ganso ainda incipiente mas que, quando acerta o passe, diferencia-se dos demais; no Flu, a dupla Deco-Thiago Neves abrem o jogo nas extremas mas fecham com absoluta precisão nos passes; e no Grêmio, a união entre Elano e Zé Roberto firmou um estilo baseado na condução da bola com velocidade e passes certeiros para o ataque. Entretanto, Flu e Grêmio perderam num momento chato do turno: segunda rodada (Grêmio, 0 a 3 para o Inter) e terceira rodada ( Flu, 1 a 3 para o Vitória BA), ambos ainda acertavam seus fundamentos e foram traídos pela ânsia em alcançar os líderes Av-Atl.
Corinthians, Internacional, Botafogo, Ceará e Vitória BA estão com oito pontos, mas poderiam estar melhor não fossem alguns contratempos: o atual campeão (Botafogo) insiste ainda num esquema tático que só as equipes em nível mundial (4,5 estrelas) podem bancar, atualmente, que é o 3-5-2. Nessa plataforma de jogo, esse esquema é demais arriscado por conta da rápida cobertura de laterais que apenas equipes com defensores com média acima de 80 sabem executar - caso do São Paulo, que joga nesse desenho tático mas só contra times reconhecidamente frágeis. Geraldo Selvina, treinador do Fogão, por ter conquistado o título com esse esquema, ainda crê que pode mantê-lo, mas a derrota para o Flu na 5ª rodada revelou-lhe o contrário. O Corinthians tem uma altíssima cota de cartões + contusões que só prejudica o conjunto; o Ceará briga com a falta crônica de traquejo na série A, de tão ausente que esteve das temporadas; Internacional e Vitória BA tem ótimos plantéis - o Colorado inclusive é um dos favoritos ao título - mas pecam quase que pelo mesmo problema: o entrosamento dos jogadores no sistema aplicado pelos treinadores. E o time baiano ainda tem o agravante do elenco muito ofensivo, com poucos jogadores para contenção. Bem ajustados, podem até correm para a taça, mas precisam ser rápidos, pois a partir de agora é returno.
América RN e Goiás não tem elencos tão bons assim; mas possuem a capacidade de saber trabalhar muito bem com aquilo que têm. Enquanto isso, Flamengo, Santos, Palmeiras e, principalmente, Vasco da Gama, vão esbarrando na falta de conjunto, oriundo dos confusos reajustes dos seus treinadores, principalmente quando passam da manete para a CPU. No Fla o troço agrava-se ainda mais, pois o que Francalacci desenha para cada jogo diminui em muito a produtividade de alguns jogadores. Léo Moura, Kaká, Íbson (Bola de Ouro da Liga polonesa passada pelo LKS Lódz) e Alex Silva são um exemplo flagrante disso. No Vasco, Éder Luís, Alecsandro e Felipe ainda não sabem direito o que fazer em campo. E o Santos é o mais vexatório dos modelos: Neymar, Montillo e Keirrison, juntos, desconhecem completamente tudo que País Uchôa aplica em cada jogo - e o Peixe é ultradependente desses três.. E o Palmeiras, além do supracitado, tem contra si a mega-goleada sofrida em casa para o Atlético MG (0 a 6) ainda na primeira rodada, que deixou-os à deriva por um bom tempo.
O problema do Paraná Clube - o mesmo que foi campeão da Taça FIFA e vice da Supercopa de Ouro e da Copa Intercontinental, tudo consecutivamente - é que se desfez dos dois nomes que serviam de liga para toda a estratégia desenhada pelo sérvio Marko Stilic: Francisco Alex e Josiel davam a medida exata no esquadro tático que amalgamava o time que jogava em bloco num fôlego só e de maneira quase que sufocante sobre os adversários. Crendo ainda que aquele time exista, o Paraná Clube joga como se ninguém ainda tivesse-lhes decorado cada movimento em campo. E o Santa Cruz, que tentou a mescla que alguns clubes do país fizeram, entre gringos e nativos, sem sucesso, vai procurando com o treinador Rayol Cavalcanti uma fórmula adequada para, ao menos, resistir aos adversários no Arruda, já quase ciente de que será difícil não fazer companhia ao Náutico na série B; o Timbu Coroado também está mal das pernas por aquelas plagas (Luka The Great, Rio de Janeiro, ESPLuca Internacional).
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